Seminário “Antirracismo – agir para transformar” reúne autoridades e público sergipanoO evento contou com a palestra do Promotor de Justiça Augusto César Leite de Resende e da Professora e Ex-participante do BBB 22, Jessi Alves. |
“Negro entoou um canto de revolta pelos ares, no Quilombo dos Palmares, onde se refugiou…”. Foi ao som do “Canto das Três Raças” - canção de Mauro Duarte e Paulo Pinheiro, popularizada na voz da saudosa Clara Nunes, que a cantora e compositora sergipana Lari Lima deu as boas vindas ao Seminário “Antirracismo – agir para transformar”, realizado na manhã de hoje (25), no Auditório Promotor de Justiça Valdir de Freitas Dantas, na Sede do MPSE, em Aracaju.
O evento promovido pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (Copier/MPSE) e pela Escola Superior do Ministério Público de Sergipe (ESMP) com o apoio da Associação Sergipana do Ministério Público (ASMP), contou com a palestra do Promotor de Justiça do MPSE e Professor de Direitos Humanos e Fundamentais (Unit), Augusto César Leite de Resende e a Professora e Ex-participante do BBB 22, Jessi Alves.
O Promotor de Justiça e Diretor Cultural da ASMP e Coordenador da Copier, Luís Fausto Valois, agradeceu o apoio da ASMP nos eventos realizados pela COPIER em prol do enfrentamento a qualquer tipo de racismo, e ressaltou sobre a importância em mostrar para a população que o racismo é um problema social estrutural e deve ser combatido diariamente, não só por pessoas negras, mas por pessoas brancas também, daí o uso da palavra antirracismo.
“Infelizmente vivemos em uma sociedade que demonstra no dia a dia não ser justa, solidária e que sim existe o racismo. Por isso é importante que os jovens levem um pouco de conteúdo sobre essa questão do racismo recreativo, da intolerância religiosa, da brincadeira do dia a dia com a qual pessoas ofendem as outras e muitas vezes não se apercebem disso”, declara Valois.
Para presidente da ASMP, João Rodrigues Neto, o apoio às iniciativas de enfrentamento a qualquer tipo de violência, discriminação e/ou desigualdade social é um dever não apenas de uma instituição, seja ela pública ou privada, mas de toda a sociedade.
“O caminho deve sempre partir do individual para o coletivo, por isso cada um de nós tem o dever de somar esforços na luta contra o racismo. Só assim poderemos começar a ver uma mudança efetiva em toda sociedade”, afirma o presidente.
Racismo Recreativo
Com o tema Racismo Recreativo, o Promotor de Justiça Augusto César Leite de Resende destacou a importância da realização do evento para criar uma consciência coletiva na nossa sociedade e promover atos antirracistas como uma forma de reconhecer a negritude e os membros desse grupo racial como seres humanos dotados de dignidade e que são merecedores de consideração e respeito profundo por toda sociedade.
“Humor racista, o racismo recreativo, se utiliza de estereótipos negativos, características derrogatórias da negritude e dos pretos como uma forma de afirmação da superioridade racial branca e como símbolo de ridicularização, inferioridade da negritude e seus membros, o que os torna a partir desse humor racista, seres incapazes de atuar na esfera pública com competência”, revela Promotor.
Augusto César lembra ainda que a luta contra o racismo não é uma luta apenas dos pretos. “É uma luta que tem que haver a participação dos brancos também e eu faço esse alerta, inclusive a minha reflexão é feita do meu lugar de fala, ou seja, de homem branco que tenta no dia a dia se colocar no lugar do preto para a partir da perspectiva dele, guiar as minhas tomadas de decisões, minhas ações, omissões e meus comportamentos, como uma forma de promover na maior medida do possível o bem-estar, o progresso material e espiritual dessas pessoas”, complementa.
Educação como agente de transformação
A Professora e ex-participante do BBB 22, a baiana Jessi Alves, conta que a realização de eventos em órgãos como o Ministério Público, é muito importante, não só durante o mês de novembro, mas durante todo o ano. E ressalta o protagonismo da educação no processo de transformação social.
“Falar sobre racismo e antirracismo não é só sobre a pessoa que é preta, mas sobre qualquer indivíduo que esteja na sociedade e que tenha minimamente consciência de que o racismo acontece de várias formas. Sempre digo que ser uma pessoa preta é muito difícil no Brasil, mas ser uma pessoa preta e mulher, é muito mais difícil. E sempre acreditei que a educação é o caminho para a transformação social e quando a gente fala de qualquer tema, como o ataque a mulher e a pessoa preta, mais uma vez a educação, a informação e o compartilhamento de dados reais é o caminho”, revela.
A Professora que atualmente conta com 1,7 milhões de seguidores em seu perfil no Instagram também aproveitou a oportunidade para deixar uma mensagem para o público jovem: “Falo para todo mundo - “gente estuda”, para jovens, adolescentes, adultos, pessoas mais velhas. A gente precisa estudar. Conhecimento nunca é demais. Não tem coisa pior do que a pessoa vítima de diversas questões sociais levantando bandeiras, como se estivesse tudo bem, por ignorância, no sentido de não conhecer”, finaliza Jessi.